1) A atitude nós contra eles. Quando nosso jeito de ser, viver, pensar e falar se torna normativo o outro será sempre um “desafio”.
2) O hermetismo. O conhecimento de outros povos, além das fronteiras do nosso grupo, é visto como uma ameaça à verdade. Desenvolve-se não apenas medo ao saber, mas ódio.
3) A opção pelo simplismo. O pensamento hegemônico do grupo descarta a complexidade da vida por acreditar que sua rede de sentidos basta como resposta à grande variedade de culturas, percepções espirituais e religiosas de outros povos. A razão crítica cede ao chavão. Clichês substituem ideias.
4) O narcisismo coletivo. A ideia de predestinação, eleição ou destino manifesto (responsável em grande parte pela dominação, escravidão e colonialismo que marcaram os avanços da modernidade) autentica o direito de exportar estilo de vida, divindade, regra religiosa e cultura. A partir desse conceito, a Espanha se valeu de Cristo para rapinar a América Latina e a Inglaterra, para sucatear e saquear a Índia. Vale a lógica: eles precisam do nosso deus e nós precisamos do ouro deles.
5) A paranoia. Com fronteiras estanques, herméticas, fica fácil para qualquer líder inescrupuloso, ambicioso pelo poder, jogar a culpa pelas mazelas que o grupo sofre em bodes expiatórios. A culpa é deles, tão diferentes de nós. Eles atraem a ira de Deus. Se deixarmos esse povo continuar, eles podem representar o fim do nosso estilo de vida.
As lógicas ensimesmadas de meu mundinho se mostraram ridículas e querem me tornar belicoso e intolerante.
#impressões de uma caminhada: “...aquele povo é forte, diferente de mim, nunca inferior. Nossa realidade jamais se confundiria, temos peculiaridades tão distintas. Todavia, estou certo de que todos são especiais, filhos de Deus.”
Enfim...lutemos contra uma mentalidade de gueto.
Fragmento do texto “Deserto e complexo de gueto” do Gondim