“A ilusão de que podemos controlar os acontecimentos – se fizermos tudo direito – de que podemos fazer com que as pessoas nos amem – se fizermos as coisas certas – e de poder garantir finais felizes fazendo por merecê-los é realmente uma ilusão, e uma ilusão muito destrutiva. Não importa o quanto amemos nossos pais e não importa quanto dinheiro gastemos em cuidados médicos com eles, eles irão envelhecer e morrer, e nos torturaremos desnecessariamente pensando que poderíamos ter evitado isso (especialmente se, lá no fundo de nós, lembrarmos de um dia em que lhes desejamos mal).
Não importa o quanto nos esforcemos para sermos esposos perfeitos e pais perfeitos, alguns casamentos morrerão de morte natural, a despeito de nossos maiores esforços, e alguns filhos nos desapontarão ao crescer. Bater com a cabeça na parede e repetir as palavras: “Se ao menos eu tivesse agido de outra maneira” serve apenas para piorar a situação.”
Um pouco ácido, porém nada mais, nada menos que a vida como ela é.
[Harold Kushner em O quanto é preciso ser bom?]
Um exemplo prático:
Não andeis ansiosos pela vossa vida,
quanto ao que haveis de comer ou beber...
Se Deus promete alimentar e vestir os seus filhos, por que há tanta gente sub-nutrida e mal vestida?
Eu não poderia dizer levianamente que Deus cuida só dos seus próprios filhos, e que os pobres que têm falta de alimento e roupa adequada são todos incrédulos que estão fora do seu círculo familiar, pois certamente há pessoas cristãs em algumas regiões atacadas pela seca e pela fome, as quais passam toda espécie de necessidades.
Não me parece haver uma solução simples para este problema.
Mas é preciso destacar um ponto importante, isto é, que a principal causa da fome não é a falta da provisão divina, mas uma injusta distribuição por parte do homem.
Juliano Fabricio
tentando desapegar dessa ilusão do controle