O mundo religioso ocidental preocupa.
As principais religiões monoteístas enfatizam as exigências - rigorosas – de um Deus [Pai] difícil de ser agradado. Judeus, muçulmanos e cristãos jamais concordariam com Gilberto Gil:
“Se eu quiser falar com Deus, Tenho que aceitar a dor. Tenho que comer o pão, Que o diabo amassou. Tenho que virar um cão. Tenho que lamber o chão.”
Contudo, os cultos e conteúdo da espiritualidade, no dia a dia, confirmam a música. A espiritualidade que se difunde, e prevalece, atualmente deixa os crentes com fardos pesados sobre os ombros. No Brasil, multiplicam-se igrejas especializadas em não deixar as pessoas esquecerem suas dívidas perante um Deus implacável.
Nesse conceito religioso, não se descansa.
As inadequações da vida se tornam o motivo para os revezes existenciais. Os contratempos passam a ser vistos como resultado do pecado ou de eventuais brechas por onde o diabo chega. Multidões lotam igrejas, mesquitas e sinagogas, ávidas por saberem como agradar esse Deus melindrado. Cultuam sem jamais esperar afetos ou compaixão na relação com o divino. Tudo se resume ao como:
como conseguir afastar o mal e alcançar bênçãos;
como saber a senha do milagre; como acertar com o centro da vontade de Deus.
Nesses espaços, se alguém almeja conquistar o amor divino, tem que fazer sacrifício, passar por ritos punitivos e, lógico, dar dinheiro.
Acontece que a vida, por si só, já é desgastante.
Ninguém precisa de mais um peso. O Evangelho avisa o contrário: Deus não desiste de amar. Seu amor é leal. Nada diminui o seu compromisso de se doar.
Na parábola do Pródigo, o Pai respondeu ao filho mais velho: Tudo o que tenho é seu. Essa frase precisa ser pedra angular nos que se atrevem a falar de Jesus. Deus não nos estima por mérito. O amor verdadeiro não depende do desempenho em cumprir mandamentos ou de alcançar níveis excelentes de pureza.