Como é fácil se juntar à política da polarização e se ver gritando através das filas contra o “inimigo” do outro lado. [isso vocês fazem bem]
E como é difícil lembrar que o reino de Deus chama para amar a mulher que acabou de sair da clínica de abortos (e, sim, até o seu médico), a pessoa promíscua que está morrendo de AIDS, o rico proprietário de terras que está explorando a criação de Deus. Se você não consegue demonstrar amor a tais pessoas, então deve questionar se realmente entendeu o evangelho de Jesus.
Um movimento político traça linhas por natureza, faz distinções, enuncia julgamentos; em contrapartida, o amor de Jesus cruza as linhas, transcende diferenças, dispensa graça. Apesar dos méritos de dada questão — quer um lobby pró-vida da direita ou um lobby de paz-e-justiça da esquerda — os movimentos políticos arriscam-se a puxar sobre si o manto do poder e abafar o amor. Com Jesus aprende-se que, seja qual for o ativismo em que me envolvo, não devo expulsar o amor e a humildade, caso contrário trairei o reino do céu.
Com o tempo, o proprio padrão de comportamento de Jesus desapontou todos os que procuravam um líder nos moldes tradicionais. Ele se inclinava a fugir dos grandes grupos, em vez de apreciá-los. Insultou os dias de glória de Israel, comparando o Rei Salomão a um lírio corriqueiro. Uma vez que a multidão tentou coroá-lo rei à força, misteriosamente desapareceu. E, quando Pedro finalmente brandiu uma espada para protegê-lo, Jesus curou os ferimentos da vítima.
Para decepção da maioria, tornou-se claro que Jesus falava acerca de um tipo de reino estranhamente diferente. Os judeus desejavam o que as pessoas sempre desejaram de um reino visível: um frango em cada panela, emprego certo, um exército forte para deter os invasores. Jesus anunciou um reino que significava negar-se a si mesmo, assumir uma cruz, renunciar às riquezas, até mesmo amar seus inimigos.
Jesus sempre indicou que o reino de Deus vem com um poder resistível. Ele é humilde, discreto e coexistente com o mal, uma mensagem que certamente não agrada os religiosos de plantão. (é só lembrarmos da intenção de revolta dos judeus patriotas da sua época)
Juliano Fabricio
contra toda forma polarização*
*concentração em extremos opostos de grupos, interesses, atividades, etc. *